segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Som 3D

Bineural Recording ou Som 3D

Hoje em dia todo mundo quer ter um home-theater com caixas de som 5.1 (ou mais) para curtir toda aquela imersão sonora que o som espacial permite. Porém, existe uma técnica muito ignorada que dá um efeito muito superior, e usando fones de ouvido comuns: o esquema Binaural Recording, ou “gravação bináurea”.

Não, não estamos falando daqueles fones multimídia que possuem 3 conectores estéreo, que são ligados às saídas de uma placa de som 5.1 e que reproduzem todas elas dentro do fone. Nada disso. Estamos falando de você usar fones de ouvido comuns e sentir uma imersão que não deixa nada a desejar ao melhor home-theater em termos de imersão, uma sensação que é simplesmente indescritível.

Então, nada melhor do que ouvir uma demo do efeito chamada “Luigi’s Virtual Haircut”, que simula uma ida a um engraçado barbeiro italiano e seu assistente Manuel — o áudio está em inglês, mas mesmo assim a demonstração não deixa de impressionar. Confira — sem esquecer dos fones de ouvido:

 

Incrível, não?

Isto é possível usando um esquema de gravação com dois microfones, cada um dedicado a captar o que seria um dos ouvidos, que ficam afastados a cerca de 18 centímetros um do outro. Em tese, isto simula a zona neutra que existe entre nosso ouvidos e permite a captação do som de maneira mais real. Mas não é só isso: o processo mais profissional inclui ainda microfones de alta sensibilidade, que são colocados dentro de um molde de uma cabeça humana, de forma a simular todo caminho percorrido pelas ondas sonoras através de nossas orelhas.

O esquema Binaural Recording emprega dois microfones posicionados a simular a posição dos ouvidos humanos
O esquema Binaural Recording emprega dois microfones posicionados a simular a posição dos ouvidos humanos

Este é o segredo do tal “efeito”. Porque, como diz o próprio personagem Luigi, da demonstração acima, não há efeito algum, e sim o processamento natural do cérebro, que distingue variações de força, tom e equalização e calcula, automaticamente, a distância e a posição do que é escutado. Ao tocar o arquivo em fones de ouvido, nosso cérebro é automaticamente enganado e nos leva a acreditar que o que estamos ouvindo está se posicionando de maneiras diferentes.

Apesar de parecer novidade, o esquema de gravação bináurea foi inventado em 1881, e veio se popularizar 40 anos depois, na década de 20. Naquela época, uma rádio de Connecticut (EUA) chegou a transmitir concertos usando este padrão de som. Porém, como naquela época não havia transmissão de rádio em estéreo, ela transmitia o canal esquerdo em uma estação, e o direito em outra. Era necessário que o ouvinte tivesse dois aparelhos de rádio, algo caríssimo naquela época.

Apesar da imersão oferecida, o sistema caiu em esquecimento nas décadas seguintes. Como ele precisa ser apreciado usando fones de ouvido, as pessoas nunca deram muita bola, pois até a chegada do lendário walkman, fones de ouvido eram vistos como algo incômodo — as pessoas só se preocupavam em consumir música que fosse possível ouvir no aparelho de som em casa ou no carro.

A mais recente trilogia de Guerra Nas Estrelas usa e abusa do esquema de gravação bináureo
A mais recente trilogia de Guerra Nas Estrelas usa e abusa do esquema de gravação bináureo

Recentemente, na constante luta por oferecer uma experiência melhor, a indústria cinematográfica acabou resgatando o efeito, que tem sido plenamente utilizado na masterização sonora de filmes atuais — a nova trilogia de Guerra Nas Estrelas, de George Lucas, é um belo exemplo disto.

O grande barato é que essa experiência só acontece usando fones de ouvido. Ao usar caixas de som convencionais, o efeito se perde, pois novamente entra em ação o sistema de escuta humano e suas características, anulando o efeito.

O experimento é um ótimo exemplo de temas que vamos abordar aqui no Submusica no futuro: sobre como diferentes tipos de música e áudio requerem diferentes tipos de equipamento para serem escutados. Isso explica porque tanta gente vê graça em certos estilos musicais, enquanto outras não. Muitas vezes, é uma questão de imersão.

Criado em 1881 esse conceito de gravação de som não é popular até hoje, consiste em colocar ao redor de uma cabeça de manequim, dois microfones na altura dos ouvidos. Ao reproduzir esse som em fones de ouvido, ou seja, nas mesma posições onde estavam os microfones, tem-se uma sensação de som 3D assustadora. Recentemente com a revolução dos tocadores de som portátil e com o computador como instrumento de entretenimento, esse tipo de gravação tem tudo para se tornar uma nova febre em jogos e filmes, que muitas vezes agora são assistidos no computador com fones de ouvido.

"Estava ouvindo uma música hoje com som estéreo 3D, de repente uma voz desconhecida fala no meu ouvido, dei um pulo da cadeira e demorei uns 3 segundos pra sacar que a voz era parte da música, a gravadora tinha colocado esse efeito aproveitando recursos 3D. Enquanto escrevo esse post meu coração ainda bate disparado!"
Depoimento de um profissional de informática


Alguns exemplos por mim:



Fontes:
http://www.interney.net/
http://www.submusica.com/


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